quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Convulsões e Epilepsia em Cães e Gatos

Escrito por Dr. Rafael Claro Marques

Os nossos amigos também podem sofrer de epilepsias e convulsões.


Consideramos epilepsia como o quadro clínico caracterizado pela repetição freqüente dos episódios de convulsão. Já a convulsão é o quadro clínico gerado por descargas elétricas descontroladas e transitórias nos neurônios. Isto pode levar a alterações da consciência, percepção sensorial, funções viscerais, atividade motora e memória. As convulsões podem ter diversas causas.

Elas estão fortemente ligadas à idade do animal. Em animais jovens, com até 1 ano, associa-se a mal-formações, intoxicações por neurotoxinas (por exemplo, venenos para ratos e algumas plantas), trauma, distúrbios metabólicos, processos infecciosos e, mais dificilmente, epilepsia juvenil. Entre os animais de 1 a 5 anos, pensamos em traumas, intoxicações, seqüelas secundárias a problemas infecciosos, neoplasias e, a causa mais comum, a epilepsia idiopática.

Nos velhinhos, já podemos investigar uma neoplasia intracraniana, um processo inflamatório ou infeccioso e distúrbios metabólicos. Dentre todas estas, a mais observada na clínica veterinária é a epilepsia idiopática. Esta acomete cerca de 1% de toda a população canina. Manifesta-se, geralmente, entre os 2 e 5 anos de idade. Normalmente, não se identifica uma causa, e o animal permanece completamente normal entre um episódio convulsivo e outro. Alguns estudos sugerem como uma causa genética neuronal.

Os cães de raças puras, geralmente, são os mais acometidos; já os felinos, raramente apresentam epilepsia idiopática. Independentemente da sua origem, as convulsões podem ter graus variados. Podem ser leves, com o cão apenas salivando (babando) com movimentos desordenados de cabeça, até um ataque com sinais mais evidentes; o animal chega a cair no chão (geralmente de lado), saliva excessivamente, movimenta as pernas como se estivesse pedalando ou tentando se levantar.

O ataque pode levar de segundos a cerca de 2, até 3 minutos. Nos casos mais graves, os animais podem vir a apresentar o status epileticus, aonde o animal convulsiona sem parar por mais de 5 minutos, ou apresenta convulsões seguidas em que o animal não retorna ao normal após 30 minutos, necessitando de um atendimento emergencial. O tratamento prolongado, obviamente, só deve ser realizado nos pacientes com convulsões freqüentes em um determinado espaço de tempo.

Animais com outras causas de convulsão devem ter a doença desencadeante tratada primeiramente, para depois observar se a convulsão persiste. Quanto antes for iniciado o tratamento nos casos de epilepsia idiopática, melhor o resultado. Cães tratados precocemente apresentam um controle mais efetivo quando comparado com cães que tiveram muitas convulsões antes do início do tratamento.

O proprietário de um cão epilético não deve se assustar ao primeiro sinal de convulsão. É importante manter a calma, até para não assustar ainda mais o animal. Não faça barulhos, retire objetos aonde ele possa vir a se machucar com os movimentos descontrolados e cuide para ele não bater a cabeça. Contate o seu veterinário e anote as datas, os horários e a duração do ataque, isto pode fazer a diferença em um futuro tratamento prolongado. Importante também lembrar que animais com epilepsia idiopática devem ser castrados, principalmente as fêmeas que podem diminuir o intervalo entre as convulsões durante o cio.

Publicado no Jornal Guarulhos Hoje, em 07/11/2009.

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