quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Alergias Alimentares em Cães



Este texto pode ser encontrado originalmente no site http://arcadenoe.sapo.pt

Não é uma das alergias mais comuns, mas afeta de igual modo os animais que as têm. Incomodam e são persistentes e não são fáceis de diagnosticar. Os cães com alergias alimentares devem ser sujeitos a uma dieta especial para o resto da vida.

Alergias alimentares não são tão frequentes como a alergias à picada de mosquito ou alergias atópicas. Estima-se que correspondam a menos de 10% das alergias habitualmente observadas em cães.

A alergia alimentar não é uma doença que se apanhe através da comida que o cão ingere. É antes uma resposta do sistema imunitário do cão face a um determinado alimento. Trata-se de uma resposta desajustada do organismo daquele cão que não afecta outros cães com quem partilhe a alimentação ou a casa.

Como pouco ainda se sabe sobre como controlar estas respostas exacerbadas do sistema imunitário, a solução para um cão com alergias alimentares passa por alterar a sua dieta.

Quais são os alérgenos mais comuns???

Os ingredientes que mais provocam alergia nos cães são: a proteína animal, especialmente galinha e carne bovina, o milho, o trigo, os ovos, os derivados do leite e a soja, segundo vários estudos feitos nesta área.

Ao contrário do que muito já se disse sobre os conservantes e os aditivos das rações, estes não têm qualquer papel nas alergias alimentares, embora possam ser responsáveis por outros problemas.

Por se associar erradamente os aditivos e conservantes das rações às alergias alimentares, muitos vezes troca-se a ração por comida caseira. Contudo, esta troca na maioria dos casos não surte efeito. Por um lado, porque, como foi dito antes, não são os aditivos e os conservantes os causadores da alergia. Por outro lado, porque o alérgeno mais comum é a proteína da carne de vaca ou galinha, que são as carnes mais frequentemente preparadas para os cães.

Grupos de risco.

Ao contrário das alergias atópicas, as alergias alimentares não têm grupos de risco e afectam de igual modo os machos e as fêmeas e todas as raças caninas. Contudo, os animais com alergias atópicas geralmente manifestam também alergias alimentares e por isso convém fazer o teste às várias alergias possíveis assim que se descobre que um animal tem um tipo de alergia.

Este tipo de alergia tende a manifestar-se no primeiro ano de vida do cão ou até aos 5/6 anos, mas os primeiros sintomas podem surgir já tarde, quando o cão já é idoso.

Sintomas.

As alergias manifestam-se de forma diferente nos cães e os sintomas de alergias são geralmente comuns aos vários alérgenos. Um cão com alergia geralmente apresenta comichões, infecções nas orelhas e na pele e perda de pêlo. Mas nenhum destes sintomas aponta para um determinado tipo de alergia ou ainda mais especificamente, para um determinado alérgeno.

Para complicar o diagnóstico, estes sintomas não são exclusivos de alergias e podem ser manifestações de outros problemas.

Diagnóstico

Para que haja certeza de que o animal tem alergias alimentares é necessário alterar a dieta e verificar se há diferenças. Durante 8 a 10 semanas, é dada ao cão uma nova dieta com fontes de proteína e hidratos de carbono alternativas. É necessário que o cão nunca tenha comido esse tipo de alimentos e por vezes recorre-se a carne de coelho, peixe ou até de animais mais exóticos, como por exemplo o canguro, mas o veterinário é a pessoa indicada para poder aconselhar alternativas.

O período relativamente extenso durante o qual se deve adoptar a nova dieta justifica-se pelo facto de o corpo do animal necessitar de em média 20 dias para exteriorizar a sua reacção à nova dieta. Isto quer dizer que nas primeiras semanas é normal não haver melhorias significativas e por isso é necessário estender o período de testes a dois meses.

Podem ser feitas também análises sanguíneas, mas o seu resultado não é conclusivo como nos humanos e a única forma de garantir que se trata efectivamente de uma alergia alimentar é alterando a dieta do cão.

Tratamento.

As alergias são respostas do sistema imunitário a um determinado alérgeno e, podendo variar ao longo da vida, na maioria dos casos, é uma resposta que surge sempre que o cão é exposto a esse alérgeno.

Assim, se o cão não mostrar sinais de alergia ao fim de 8/10 semanas, pode-se concluir que o cão efectivamente tem uma alergia alimentar. O cão deve passar a ter uma dieta hipoalergénica, seja continuando com o regime alimentar do teste ou passando para rações deste tipo existentes no mercado.

Se o cão continua a manifestar sintomas de alergia e durante o período de testes não tiver ingerido nada para além da dieta de teste e água, então é provável que o cão tenha uma alergia atópica ou qualquer outra patologia com os mesmos sintomas.

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